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Avatar de Diego Reeberg

Uma ótima discussão labiríntica, Paulo.

Aliás, para manter a "AI in the human loop”, acho interessante escritores compartilharem suas boas práticas com AI, como você trouxe em relação ao Deep Research e o Agualusa com os haicais e a descoberta de palavras em outras línguas com significados que não temos na nossa (aliás, me remeteu à beleza que foi me deparar com o livro Lost in translation: Um compêndio ilustrado de palavras intraduzíveis de todas as partes do mundo).

Como sugestão adicional de leitura ensaística-literária que dialoga com essas reflexões do hoje, deixo como recomendação o texto da conferência - do ontem, de 1967 - de Italo Calvino: Cibernética e Fantasmas (Notas sobre a Narrativa como Processo Combinatório).

Lá, o autor já perguntava: "teremos a máquina capaz de substituir o poeta e o escritor?"; constatava (ironicamente?) "que meu lugar poderá ser perfeitamente ocupado por um engenho mecânico.", defendia que "o momento decisivo da vida literária será a leitura. Nesse sentido, mesmo que entregue à máquina, a literatura continuará sendo um lugar privilegiado da consciência humana, uma explicitação das potencialidades contidas no sistema de signos de toda sociedade e de toda época."

E arrematava com uma valorização de aspectos unicamente humanos: "A máquina literária pode efetuar todas as trocas possíveis num determinado material: mas o resultado poético será o efeito particular de uma dessas trocas no homem dotado de uma consciência e de um inconsciente, isto é, no homem empírico e histórico; será o choque que se verifica só na medida em que, ao redor da máquina de escrita, existam os fantasmas ocultos do indivíduo e da sociedade."

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